De salientar que esse documento liminta-se somente em plano de produção de hoticulas, especificamente a cultura de tomate.
Plano de
Produção de Cultura de Tomate
1. Tomate
O tomate é uma planta anual, que pode atingir uma altura de
mais de dois metros. A primeira colheita pode-se realizar 45-55 dias após a
florescência, ou 90-120 dias depois da sementeira. A forma dos frutos difere
conforme a cultivar (variedade cultivada). A cor dos frutos varia entre amarelo
e vermelho.
1.1 Descrição
Botânica Do Tomateiro
a) Raizame: sistema radicular vigoroso com raiz axial que se desenvolve até atingir
uma profundidade de 50 cm ou mais. A raiz principal produz um denso conjunto de
raízes laterais e adventícias.
b) Caule: o seu porte varia entre erecto a prostrado. Cresce até atingir uma altura
de 2-4 m.
O caule é sólido, áspero, peludo e
glandular.
a) Flores: As flores são
bissexuais, regulares e têm um diâmetro de 1,5 -2 cm. Desenvolvemse opostos ou
entre as folhas. O tubo de cálice é curto e peludo, e as sépalas são
persistentes.
No geral, há 6
pétalas com um comprimento que pode atingir 1 cm, de cor amarela e recurvas
quando maduras. Há seis estames, e as anteras são de cor amarelas claras
dispostas em redor do estilete provisto de uma ponta alongada estéril. O ovário
tem uma posição superior e contém 2-9 compartimentos. Na maioria dos casos há
autopolinização, mas em parte também há polinização cruzada. Os polinizadores
mais importantes são as abelhas e os abelhões.
b) Fruto: uma baga carnosa, de forma globular a achatada e com 2-15 cm de diâmetro.
O fruto não maduro é verde e peludo. A cor do fruto maduro varia entre amarelo,
cordelaranja a vermelho. No geral, o fruto é redondo, com uma superfície lisa
ou canelada.
c)
Sementes: abundantes, com forma de rim ou de pêra. São
peludas, de cor castanha clara, com 3-5 mm de comprimento e 2-4 mm de largura. O
embrião está envolto no endosperma.
O peso de 1000 sementes é, aproximadamente,
de 2,5 – 3,5 g.
1.2 Vantagens de cultivo
do tomate
Ø Trata-se duma cultura de legumes com um
ciclo relativamente curto;
Ø Pode-se optar entre um período de produção
curto ou prolongado;
Ø Pode-se cultivar como uma cultura arvense,
não coberta, e como uma cultura protegida;
Ø Pode-se encaixar bem em diferentes
sistemas de cultivo;
Ø Tem um valor económico elevado;
Ø Tem um teor de micronutrientes alto;
2. Requisitos
para realizar um cultivo bem sucedido
2.1 Clima
e solo
a. Temperatura
e luz
Por suas origens,
o tomateiro cresce bem em condições de clima tropical de altitude e o
subtropical, fresco e seco, com bastante luminosidade, Contudo, a planta tolera
bem as variações dos fatores climáticos.
No que diz
respeito à temperatura, a faixa de 20 a 25 ˚C favorece a germinação, enquanto a
de 18 a 25 ˚C ajuda o desenvolvimento vegetativo, Temperaturas noturnas altas
também contribuem para o tomateiro crescer mais depressa.
A floração e a
frutificação são beneficiadas por temperaturas diurnas de 18 a 25 ˚C e noturnas
de 13 a 24 ˚C, A permanência de temperaturas acima de 28 ˚C prejudica a firmeza
e a cor dos frutos, que tendem a ficar amarelados, devido à inibição da síntese
do licopeno e de outros pigmentos que lhes dão a coloração vermelha
típica.
2.2 Época
de plantio
Com base nessas
referências climáticas, pode-se dizer que a melhor época de plantio do
tomateiro é aquela que oferece as seguintes condições para todo o ciclo da
planta: temperaturas médias variando de 18 °C a 25 °C, baixa umidade relativa
do ar e baixo índice de chuvas por um período de 5 a 6 meses consecutivo.
Outros fatores devem ser levados em conta para se determinar a melhor época de
plantio: a localização da região, sua topografia e altitude, pois essas
condições influem na variação das temperaturas e na distribuição das
chuvas.
Temperaturas requeridas para as
diferentes fases de desenvolvimento do tomate
Fases |
Mínima
|
Amplitude Óptima |
Máxima |
Germinação de sementes |
11 |
26-29 |
34 |
Desenvolvimento de
plântulas |
18 |
21-24 |
32 |
Frutificação |
18 |
20-24 |
30 |
Desenvolvimento da coloração vermelha |
10 |
20-24 |
30 |
2.3 Escolha da área
Seleciona-se a área com antecedência de 4 a 5 meses do plantio. Preferem-se locais onde não haja solanáceas nativas, como a jurubeba, o juá e a maria-preta, e não tenham sido cultivados com berinjela, pimentão, jiló, fumo e batata, devido ao risco da presença de fungos e bactérias de solo transmissíveis ao tomateiro. Não havendo opção, admite-se o uso de área já cultivada com solanáceas, mas que estas não tenham sido as últimas a ocupar o local e principalmente não tenham havido problemas com infecção de fungos dos gêneros Fusarium, Verticillium, Sclerotinia e Sc/erotium ou de bactérias, como Pseudomonas, Xanthomonas, Erwinia, Corynebacterium e outras. A área escolhida deve também ser bem exposta ao sol, não estar sujeita a ventos fortes e não se situar em local que favoreça o acúmulo de ar frio ou de umidade. Convém lembrar que terreno com pequena declividade facilita a sua sistematização para a utilização da irrigação por sulco. É desejável ainda que tenha fácil drenagem.
2.4 Solo
O tomate cresce
bem na maioria dos solos minerais com uma capacidade apropriada de retenção de
água, arejamento, e isentos de salinidade. A planta prefere solos
franco-arenosos profundos, bem drenados. A camada superficial deve ser
permeável. Uma espessura do solo de 15 até 20 cm é favorável para o
desenvolvimento de uma cultura saudável. Caso se trate de solos argilosos
pesados, uma lavoura profunda permite uma melhor penetração das raízes.
O tomate é
moderadamente tolerante a valores de pH de uma amplitude ampla (nível de
acidez), mas desenvolve-se bem em solos com um pH= 5,5 – 6,8 com uma
disponibilidade e abastecimento apropriados de nutrientes. A adição de matéria
orgânica é, geralmente, favorável para um crescimento adequado. Os solos com um
teor muito alto de matéria orgânica, como sejam terras turfosas, são menos
apropriados devido à sua alta capacidade de retenção de água e as deficiências
de nutrientes.
2.5 Escolha
de variedades
Conforme as
características do fruto, as variedades comerciais de tomate são classificadas
em três grupos: santa cruz, salada e cereja.
As cultivares do
grupo santa cruz apresentam os frutos alongados ou arredondados, com 2 a 4
lóculos, e peso médio variando de 70 a 200 g. As do grupo salada têm frutos
arredondados, achatados no ápice e na base, mais de quatro lóculos e peso médio
variando de 200 a 400 g. Já as do grupo cereja exibem frutos pequenos, com 2 a
3 em de diâmetro, dois lóculos e polpa fina.
Para escolher bem
a variedade dentro de cada grupo levam-se em consideração outras
características, como a resistência a doenças, a pragas, à podridão apical e à
rachadura, a produtividade, a qualidade dos frutos, a capacidade de adaptação
às condições locais de clima, a menor exigência de fertilizantes e o manejo da
planta.
As companhias
fitogenéticas produziram os chamados híbridos F1 do tomate. Estes híbridos
combinam rendimentos elevados, resistência a doenças e outras características
de plantas e frutos. Quando se usam híbridos, dever-se-ão comprar novas
sementes para cada estação, trazendo mais custos, mas a resistência a doenças
implica uma redução do tratamento com pesticidas e, além disso, os maiores
rendimentos dão a oportunidade de vender tomates no mercado.
As variedades
resistentes têm uma resistência incorporada, transmitida pelas sementes. A
resistência a uma doença particular implica que para a planta referida é muito
difícil até impossível de contrair a dita doença.
Uma resistência
pode ser o resultado de várias características da planta. Pode ser que as
folhas estejam cobertas com uma alta densidade de pêlos de forma a que certos
insectos não gostem de pousar na sua superfície. Algumas cores podem ser pouco
atraentes para certos insectos. As ditas características são visíveis, mas a
maioria das características que contribuem para a resistência a fungos e vírus
não são visíveis. Nenhuma das variedades disponíveis no mercado é
resistente.
3. Preparação
e plantio
3.1 Preparação
do terreno/Campo
O campo será
lavrado com o tractor de forma a prepará-lo para uma nova cultura. Desta
maneira, melhora-se a estrutura e aumenta a capacidade de retenção de humidade.
Em zonas onde a água constitue um factor limitante, a lavra do terreno aumenta
também a conservação de água. A lavra do terreno depois da colheita da cultura
anterior também melhora a estrutura do solo e a capacidade de retenção de
humidade. Além disso, a exposição do solo ao sol ardente também ajuda a reduzir
pragas e doenças transmitidas através do solo.
É, geralmente,
necessário passar o rastelo duas vezes para aplanar o terreno, desfazendo os
torrões e removendo os restos da cultura anterior. O tomate pode ser cultivado
em canteiros levantados, cômoros ou sulcos, para facilitar a drenagem ou a
rega, respectivamente. Apesar disto, mais de 60% das culturas é ainda cultivada
com uso da rega por inundação. No campo do projecto irá se instalar o sistema
de rega por sulcos, onde a separação entre as fileiras/sulcagens será de 0.75
metros.
Qualquer solo
presta-se à cultura do tomateiro, uma vez que se pode adequá-lo, quanto à
fertilidade. Contudo, é melhor, o solo com boa textura e estrutura. Solos
leves, ricos em matéria orgânica, baixo índice de acidez e alta fertilidade
reduzem as exigências de correção e fertilização.
Definida a área,
retiram-se amostras de solo para a análise, que permitirá conhecer as suas
condições químicas e estabelecer as necessidades de aplicação de calcário,
matéria orgânicas e fertilizantes.
As operações
básicas de preparo do solo são feitas com antecedência de três meses do
transplante:
Limpeza da área - Retiram-se todos os materiais capazes de causar
empecilho ao plantio.
Calagem - Distribui-se em toda a área uniformemente metade da quantidade do
calcário recomendado.
Aração - Revolve-se a terra à profundidade de 25 a 30 em, para a incorporação do
calcário nas camadas inferiores do solo.
Calagem complementar – Distribui-se uniformemente em toda a área a
outra metade da quantidade de calcário.
Sulcamento - Abrem-se os sulcos, com base nos princípios da
conservação do solo, levando em consideração a textura, a estrutura e a
topografia da área. Um pequeno declive facilita a irrigação. O espaçamento é de
1 m de centro a centro dos sulcos e a profundidade destes de 15 a 20 cm. Já o
comprimento varia de acordo com o formato e a topografia da área, mas não deve
passar de 50 m.
A calagem se faz
pelo menos três meses antes do transplante, tomando por base os resultados da
análise. Solos com muito alumínio tóxico ou com pH abaixo de 5,5 necessitam ter
corrigida sua acidez para 6,0 a 6,5. É preciso também atentar para os níveis de
cálcio e magnésio, a fim de prevenir a ocorrência de deficiência desses
elementos durante o desenvolvimento da planta.
A matéria
orgânica melhora as condições gerais do solo. Normalmente, aplicam-se por
hectare de 30 a 40 t de esterco de gado ou de 10 a 15 t de esterco de galinha
poedeira. O esterco de gado não deve provir de pastagens que tenham sido
tratadas com herbicidas. A matéria orgânica é distribuída e incorporada
uniformemente ao longo do sulco, 7 a 10 dias antes do transplante.
Todos os macro e
micronutrientes são importantes para o tomateiro, mas alguns deles têm
influência direta na produtividade e qualidade dos frutos. O fósforo é o
elemento que mais limita a produção e o potássio influi na firmeza e na
qualidade do tomate. A deficiência de cálcio também compromete a qualidade do
produto, que não se presta ao comércio.
3.2 Produção
de Mudas
Normalmente, os
tomates são repicados, visto que se obtêm resultados muito melhores quando as
plântulas são cultivadas num viveiro. Pode-se usar dois métodos para cultivar
as plântulas em viveiros:
Ø Sementeira numa cama de sementes;
Ø
Sementeira
num tabuleiro de plântulas.
Desta maneira, as
quantidades de sementes necessárias são mais reduzidas; as plântulas podem ser
selecionadas antes do seu transplante para o campo, com base no seu
desenvolvimento e na sua saúde; podem ser bem protegidas e o espaçamento de
plantio é mais regular do que depois da sementeira directa no campo. Sementeiras e canteiros devem ter 1 m de largura,
25 cm de altura, variando o comprimento de acordo com as necessidades. Deixar
um espaço de 30 a 40 cm entre eles para servir de caminho. Aplicar de 15 a 20!
de esterco de curral ou de 5 a 7! de esterco de galinha e mais 150 a 200 g da
fórmula 4-14-8 ou similar por metro quadrado. Esses materiais devem ser muito
bem incorporados ao solo. Faz-se a semeadura, em sulcos de 1 cm de profundidade, distanciados 10 cm
um do outro. Quando as mudas tiverem duas folhas definitivas faz-se a repicagem
para o canteiro, no espaçamento de 10 cm x 5 cm. Em todos os sistemas, as mudas devem ser
irrigadas com frequência durante o período de crescimento até o transplante,
que vai de 20 a 30 dias.
3.2.1 Preparação
do viveiro
A cama de sementes deve ter uma largura de 60 - 120 cm e uma altura de
20-25 cm. O seu comprimento depende da quantidade desejada de plântulas.
Devem-se remover torrões e restolhos. Acrescentar estrume de estábulo, bem
decomposto, e areia fina. Fazer com que a cama de sementes obtenha uma
estrutura friável. A fim de cultivar uma quantidade de plantas que seja
suficiente para um hectar, dever-se-ão semear 150-200 g de sementes em 250 m2
de camas de sementes. Traçar linhas, a uma distância de 10-15 cm, ao longo do
comprimento da cama de sementes. Semear as sementes ralamente nas linhas e
pressionar ligeiramente. Cobrir as sementes com areia fina e palha. Regar a cama
de sementes duas vezes por dia para fazer com que haja suficiente humidade para
a germinação. Depois da germinação a palha deve ser removida.Se o espaçamento
entre fileiras (EF) e o espaçamento entre plantas (EP) são 0.5 e 0.5
respectivamente, num campo de 2ha = 100*100*2 = A = 20000m^2, terá cerca de 80000 plantas =
200*200*2 = NP= 200*400.
NB:
150-200 g de sementes em 250 m2.
Dados: Adotados
Formula/Resolução
NPa = 100000
plantas NPa
= NP*25% + NP = 100000 plantas
L = 100cm
NL = L/EL = 100/10 = 10
linhas
H = 25cm
NSL = NPa/NL = 100000/10 = 10000
sementes/linha
EL = 10cm C = NSL*DS4 =
10000*4 = 40000cm
DS4 = 4cm
Av =C*L = 40000 *100 = 4000000cm^2 = 400m^2
NP = 80000
plantas
QS = 200*400/250 = 80000/250 = 320g de sementes
•
EF – espaçamento entre fileiras do campo do
projecto;
•
EP – espaçamento entre plantas do campo do
projecto;
•
NL – numero de linhas no campo de viveiros;
•
NP – numero de plantas no campo do projecto;
•
NSL – numero de sementes em cada linha no campo de
viveiros;
•
EL – espaçamento entre linhas no campo de
viveiros;
•
NPa – numero de plantas adotado no campo de
viveiros;
•
Av – área do campo de viveiros;
•
DS4 – distancia entre sementes no campo de viveiros;
•
L – largura de campo de viveiros; H – altura do campo de viveiros; A – área do campo do
projecto.
3.3 Repicagem
/ Transplante
A repicagem duma plântula para o campo tem
lugar após 3 a 6 semanas depois da sementeira. Uma semana antes da repicagem,
as plântulas devem ser endurecidas por meio de uma redução do abastecimento de
água, mas 12-14 horas antes de serem retiradas da cama de sementes deverse-ão
regar de novo, com abundância, de forma a evitar que as raízes sofram danos
excessivos durante o transplante. As plântulas de 15-25 cm de altura com 3-5
folhas autênticas são as mais apropriadas para serem transplantadas. O transplante
deve ser feito à tarde ou durante um dia nublado de forma a reduzir o trauma
provocado pela repicagem e, depois, é necessário regar imediatamente. Ao
retirar as plântulas, manter um grande torrão atado às raízes das mesmas, de
forma a prevenir que sejam danificadas.
O espaçamento entre as plantas e as
fileiras depende do porte da cultivar, do tipo do solo, do sistema de cultivo e
também das plantas estarem suportadas por estacas ou crescerem rasteiramente. O
espaçamento comum é de 50 cm entre as plantas e de 50 - 100 cm entre as
fileiras.
3.3.1 Espaçamento
de plantio para três tipos de tomateiros
Tipo de planta |
Distância entre as
fileiras e as plantas |
Tipo determinado
(arbusto) |
1,0 x 0,5 m |
Tipo semideterminado |
0,75 x 0,5 m |
Tipo indeterminado (alto) |
0,75 x 0,5 m |
Executa-se esse trabalho nas horas mais
frescas do dia e com o solo úmido. No transplante a muda deve ficar enterrada
no sulco na mesma profundidade em que se encontrava no canteiro. Após o
transplante. Faz-se uma ligeira compressão da terra em torno da muda para
permitir melhor contato do solo com as raízes.
Se o tomateiro
vai ser conduzido sem desponte e o tutoramento em cerca cruzada, o espaçamento
entre as mudas pode variar de 50 a 70 cm. Com desponte e o tutoramento na
vertical, pode ser de 40 a 50 cm. Para as variedades do grupo salada, com
tutoramento em cerca cruzada, o espaçamento entre mudas pode variar também de
40 a 50 cm.
Se os tomateiros
estão suportados por meio de estacas, a distância entre as fileiras pode ser
diminuída até 20-40 cm. Fazer com que as covas de plantio sejam suficientemente
profundas para as folhas inferiores estejam ao nível do chão quando se terminar
o transplante. Compactar bem o solo em redor do raizame e regar à volta da base
da planta de forma a se assentar o solo.
Depois do
transplante, poder-se-á colocar uma cobertura morta na terra em redor das
plantas para protegê-las contra o calor durante os primeiros cinco dias. Uma
cobertura morta é composta de restos vegetais (palha de arroz ou palha de
sorgo/mapira) que cobrem o solo para controlar o desenvolvimento das ervas
daninhas, prevenir erosão e conservar água. Cuidado para não molhar as folhas inferiores,
visto que isto pode estimular o desenvolvimento de bolores.
Um método mais
avançado é colocar uma cobertura morta de plástico nos canteiros e perfurá-la
antes do plantio. As plantas transplantadas devem ser protegidas do calor
durante os primeiros 5 dias, cobrindo-as com folhas grandes.
4. Tratamentos culturais
4.1 Estrumes
e fertilizantes
A fim de obter
rendimentos elevados, os tomateiros precisam de fertilizantes. Há dois grupos
de nutrientes para aplicar nas culturas: estrumes orgânicos e fertilizantes
químicos.
4.1.1 Estrumes
orgânicos
Os tipos mais comuns do estrume de estábulo são estrume dos cavalos,
estrume das vacas e estrume dos porcos. Entre estes três tipos, o estrume dos
cavalos tem o melhor equilíbrio de nutrientes. O estrume das vacas contém
relativamente pouco fosfato. O estrume dos porcos é, geralmente, rico em
minerais, mas contém relativamente pouco potássio.
O estrume das
cabras e ovelhas também é um estrume orgânico de boa qualidade. Se apenas se
usar estrume de estábulo, será razoável aplicar uma quantidade de 12,5-25
toneladas/ha/ano. Caso as condições de cultivo não sejam tão apropriadas ou se
se aplicarem também fertilizantes químicos, a aplicação de menores quantidades
de estrume poderá ser suficiente.
O estrume das
galinhas tem, geralmente, uma vigor que iguala três (3) até quatro (4) vezes a
do estrume de estábulo. O estrume de galinhas é um tipo de estrume muito
valioso, visto as plantas poderem absorver facilmente os nutrientes procedentes
do mesmo. Um modo adequado de utilizar o estrume das galinhas implica
misturá-lo com uma quantidade igual de solo friável ou de areia antes da sua
aplicação. Pode-se espalhar esta mistura entre as fileiras e recomenda-se,
depois, revolvê-lo levemente com um ancinho ou um sacho. Ao contrário do
estrume de estábulo, o estrume das galinhas pode ser usado em solos argilosos, visto
que não é muito pegajoso.
Também é
apropriado para ser usado em solos ácidos, visto que este tipo de estrume
contém um alto nível de cálcio. Recomenda-se que o estrume esteja seco ao
incorporá-lo no solo, visto que o estrume fresco é demasiadamente vigoroso e,
por conseguinte, pode danificar as plântulas tenras.
4.1.2 Composto
O composto - é fácil de preparar à base de vários tipos de
materiais orgânicos. Exemplos de materiais que podem ser utilizados são: restos
vegetais de culturas, lixo da cozinha, galhos do jardim e estrume. O composto é
uma fonte abundante de micro e macronutrientes. Fornece nutriente no momento
apropriado e nas quantidades requeridas. É particularmente útil para melhorar a
estrutura do solo e aumentar a fertilidade.
É importante
dispor dum estrume bem decomposto, que não seja muito pegajoso nem esteja muito
húmido. Contudo, não deve estar demasiadamente seco, visto que o
re-humedecimento do estrume pode ser muito difícil.
4.1.3
Vantagens do composto e do estrume
Melhoram a
fertilidade e a estrutura do solo, e reduzem a necessidade de aplicar fósforo
(P), azoto (N) e potássio (K). Fornecem um leque de nutrientes para as culturas
e podem ser preparados num período de 2,5 – 3 meses.
4.2 Fertilizantes
químicos
Os fertilizantes
químicos (com excepção do cálcio) não melhoram a estrutura do solo, mas
enriquecem o solo fornecendo nutrientes. Os fertilizantes químicos são
relativamente dispendiosos, mas, desde o ponto de vista de teor de nutrientes,
em algumas zonas o fertilizante é menos dispendioso do que o estrume. Num
sistema de cultivo em pequena escala e em situações de preços variáveis e
rendimentos limitados (devido à presença de doenças, um clima desfavorável ou
solos deficientes) não vale a pena usar grandes quantidades de fertilizantes
químicos. Os fertilizantes químicos podem ser classificados em dois grupos:
fertilizantes compostos e fertilizantes simples.
4.2.1 Fertilizantes
químicos compostos.
Este tipo de fertilizante
é uma mistura de azoto (=N), compostos fosfóricos (=P2O5) e potassio (=K2O). O
fertilizante composto 12-24-12 contém 12% de N (azoto), 24% de P (fósforo) e
12% de K (potássio).
4.2.2 Fertilizantes
químicos simples.
Este tipo de
fertilizantes contém apenas um nutriente. Aplica-se (ex. nitrato de sódio,
ureia ou superfosfato), quando uma cultura tem uma deficiência específica. O
tomate precisa de fósforo particularmente depois do seu transplante.
Recomenda-se aplicar azoto e potássio durante o período de crescimento da
cultura. Usar um tipo de libertação lenta durante a estação das chuvas e um de
libertação rápida durante a estação seca.
Nas regiões tropicais a aplicação de
fertilizantes químicos varia entre 40-120 kg/ha de azoto, 3090kg/ha de fosfato
e 30-90 kg/ha de potássio. Nunca espalhar fertilizantes químicos sobre plantas
tenras ou húmidas, visto que tal provocaria queimaduras.
4.3 Combinação de fertilizantes orgânicos e químicos
Antes do plantio,
a fertilização do solo é feita por uma aplicação de material orgânico. No caso
do tomate, aplica-se, geralmente, uma combinação de fertilizantes orgânicos e
químicos. Não é necessário aplicar esta mistura de uma só vez. Por exemplo,
pode-se aplicar uma metade ao preparar os canteiros ou misturá-la com o solo
nas covas para as plântulas. A outra metade pode ser aplicada quando as plantas
estão a florescer ou quando a frutificação terminou. É recomendável
incorporá-lo, com um ancinho, no solo entre as fileiras. Uma segunda aplicação,
a fim de reabastecer os nutrientes do solo, é particularmente recomendável em
solos arenosos, nos quais os nutrientes são lixiviados mais rapidamente. É
recomendável realizar uma aplicação foliar de nutrientes para aumentar os
rendimentos.
4.4 Rega
O tomate não é
resistente à seca. Por conseguinte, os rendimentos diminuem consideravelmente
após curtos períodos de escassez de água. É importante regar as plantas com
frequência, particularmente durante a florescência e a frutificação. A
quantidade de água necessária depende do tipo de solo e das condições
climáticas (pluviosidade, humidade e temperatura). Em solos arenosos é
particularmente importante regar com frequência (p.ex. 3 vezes por semana). Em
boas circunstâncias uma rega por semana deve ser suficiente.
É necessário
regar, aproximadamente, 20 mm de água por semana em condições frescas e,
aproximadamente, 70 mm durante os períodos quentes e secos. A aplicação de água
desempenha um papel crucial para a obtenção duma maturidade uniforme e para a
redução da ocorrência do apodrecimento apical, uma desordem fisiológica
associada com o abastecimento irregular de água e, por conseguinte, uma
deficiência de cálcio nos frutos durante o seu crescimento. Há vários métodos
de irrigação.
4.4.1 Rega
superficial
O método mais simples é verter água em
sulcos (rega em sulcos) ou sobre campos planos rodeados por pequenos
diques/marachas (rega por inundação). Distribuir a água
uniformemente.
4.4.2 Rega
por aspersão
A rega por
aspersão, com uso de tubos permanentes, é aplicada de forma comum nas estufas.
Os aspersores estão colocados abaixo da cultura e em faixas de forma a que os
carreiros se mantenham secos.
4.4.3 Rega
gota-a-gota
Uma mangueira
feita de polietileno preto – perfurado com pequenos buracos de,
aproximadamente, 2 milímetros – pode ser colocada no chão, perto da base das
plantas. É necessário que o solo seja plano, mas pode ter uma inclinação muito
ligeira para o extremo do tubo. O comprimento da mangueira pode ser de 20 até
30 metros. A pressão da água deve ser de, aproximadamente, 0,2 atmosferas (2 m
de coluna de água).
4.4.4 Rega
de plantas individuais
É necessário que
o solo seja plano e que a água esteja limpa, visto que se deve prevenir a obstrução
dos pequenos buracos de gotejo. É possível filtrar a água no local onde entra
no sistema. Muitos sistemas de rega gota-a-gota funcionam com uso de uma baixa
pressão da água, que é de 0,1-0,2 atmosferas (1 a 2 metros de coluna de água).
Num pequeno sistema, isto pode ser conseguido de forma muito barata por meio da
instalação de um flutuador do WC à entrada do tubo principal. Pode-se
acrescentar o fertilizante, dissolvido na dose correcta, ao sistema de rega
gota-a-gota. Ao contrário da rega por aspersão e de outros tipos de rega,
pode-se poupar, através da rega gota-agota, 30 – 70% de água, particularmente
num clima muito árido.
O sistema por
sulcos é o mais utilizado para o tomateiro, pois, embora exija a sistematização
do solo para sua implantação, reduz a possibilidade de ocorrência de doenças
fúngicas em comparação com o sistema de aspersão.
O volume de água a aplicar e a frequência
das irrigações variam de acordo com o tipo de solo, topografia da área,
condições de clima e estádio de desenvolvimento da planta. O período crítico
ocorre do início da floração até o início da maturação, compreendendo,
portanto, toda a fase de desenvolvimento do fruto.
Com irrigações
menos frequentes no estágio de crescimento das plantas, suas raízes se
desenvolvem melhor. Já durante a fase de floração, frutificação e maturação,
irrigações leves e frequentes favorecem o desenvolvimento do fruto e
aumentam-lhe o teor de suco.
A rega deve ser
suficiente para manter úmida a camada de solo explorada pelo sistema radicular
do tomateiro, que, de modo geral, atinge até 40 cm de profundidade.
A rega excessiva
apresenta vários inconvenientes:
Ø Provoca crescimento exagerado da planta e
retarda a maturação dos frutos;
Ø Remove nutrientes, principalmente o
nitrogênio, para longe do alcance das raízes;
Ø Pode ocasionar a queda de flores;
Ø Favorece a ocorrência da podridão apical,
o aparecimento de doenças, caso o agente causador esteja no solo, e doenças de
folha (principalmente se o sistema for de aspersão);
Ø
Aumenta
os gastos com energia e mão-de-obra; Ø E provoca maior desgaste do equipamento.
4.5 Poda
É importante que
os tomateiros sejam podados, particularmente no caso de se tratar de arbustos
densos e tipos indeterminados. Desta maneira, melhoram-se a intercepção da luz
e a circulação do ar. À poda dos rebentos laterais chama-se desponta lateral. À
poda da cabeça do caule chamase desponta apical.
A necessidade da
poda depende do tipo da planta e do tamanho e da qualidade dos frutos (se as
plantas não forem podadas, crescerão de forma aleatória e os frutos serão
menores).
4.5.1 Podar
na forma desejada
No que diz
respeito à poda, os tomateiros dividem-se em duas formas, arbusto e recto. As
variedades de arbusto são as mais apropriadas para o cultivo no campo, ao ar
livre, visto que não requerem ser podadas durante a maior parte do período de
cultivo. Remover quaisquer folhas amarelas ou em vias de decomposição, o mais
rapidamente possível, de forma a prevenir a difusão de doenças. Se as plantas
se tornarem demasiadamente grandes para se suportarem por si mesmas,
dever-se-ão podar alguns ramos grandes ou acrescentar mais estacas de
suporte.
Podem-se atar os
ramos laterais às estacas de suporte adicionais. Reduzir o número de ramos
portadores de tomates até sete ou oito, podando, por meio de beliscões, os
ramos excedentes. Quando apareçam os primeiros frutos (no começo da
frutificação), a planta produzirá rebentos a desenvolver-se entre a haste
principal e os ramos da folhagem.
Dever-se-ão
remover os rebentos laterais inferiores por meio de beliscões (com os dedos).
Se se deixa que cresçam, produzirão uma folhagem massiva mas poucos tomates.
Quaisquer rebentos omitidos devem ser removidos. Dever-se-ão remover também as
folhas inferiores que mostram qualquer sintoma de se tornarem amarelas, de
forma a prevenir o risco de infecção.
Quando a planta
tiver produzido 6-7 ramos portadores de tomates dever-se-á parar o
desenvolvimento, quebrando a ponta de crescimento. Se começarem a
desenvolver-se mais de sete ramos portadores de tomates, dever-se-ão remover os
rebentos excedentes por meio de beliscões, de forma a estimular a planta para
produzir tomates de boa qualidade em vez de produzir uma quantidade abundante
de frutos de baixa qualidade e amadurecimento tardio.
4.5.2 Desponta
lateral
É importante
remover, por beliscões, os rebentos laterais do tomateiro. Ao aplicar-se uma
desponta lateral, removem-se os pequenos rebentos laterais e deixa-se intacto
apenas um caule principal. Os cachos de frutos desenvolvem-se ao longo deste
caule principal. A desponta lateral faz com que aumentem a qualidade e o
tamanho dos frutos.
4.5.3 Desponta
apical
A ponta do caule
principal do tipo alto é removida por beliscão quando 3 até 5 folhas estão
completamente desenvolvidas. Os rebentos que se desenvolvem dos 2 até 4 gomos
superiores são deixados intactos para crescerem. Desta maneira, haverá 2 - 4
rebentos laterais que se tornarão em caules principais, suportados por
estacas.
Quando estes
caules tiverem um comprimento de 1 – 1,25 m dever-se-ão remover, por beliscões,
também as pontas. Os novos rebentos laterais deverão ser removidos com
frequência, por beliscões. No geral, formam-se 3 a 4 cachos de frutos a
crescerem ao longo de cada caule.
4.5.4 Poda
das folhas
Dever-se-ão
remover as folhas velhas, amarelas ou doentes dos tomateiros. Desta maneira,
controlar-se-á o desenvolvimento e a difusão de doenças. É necessário ter
cuidado durante a poda das plantas, visto que uma doença se difunde muito
facilmente através das mãos ou qualquer ferramenta utilizada. Por conseguinte,
dever-se-á prevenir a presença de plantas doentes e limpar as ferramentas com
frequência. A fim de que as feridas, provocadas pela poda, possam secar
rapidamente, é melhor realizar a poda pela manhã dum dia de sol. Recomenda-se
queimar ou enterrar as folhas infectadas, de forma a prevenir as infecções por
doenças.
4.6 Sistemas
de suporte
Paus de bambu,
estacas de madeira, estacas ou latadas de outros materiais robustos fornecem o
suporte necessário para manter a folhagem e os frutos afastados do chão. Graças
ao suporte com estacas aumentarão o rendimento e o tamanho dos frutos;
reduzir-se-á o apodrecimento de frutos e facilitar-se-ão a pulverização e a
colheita.
As variedades indeterminadas deverão ser
suportadas com estacas para facilitar a poda, a desponta por beliscões, a
colheita, e outras práticas de cultivo. As variedades determinadas deverão ser
suportadas com estacas, durante a estação das chuvas, para prevenir que os
frutos estejam em contacto com o solo.
Há muitas
possibilidades de disposição do suporte com estacas. Contudo, as plantas devem
ser atadas de forma segura às estacas ou suportes de corda, a partir de,
aproximadamente, duas semanas após o transplante. Para se atarem podem-se
utilizar palha de arroz, tiras de plástico, fita de atar para uso hortícola, ou
outros materiais. A atadura também serve para suportar os cachos de
frutos.
4.6.1 Atadura
O tomateiro (tipo
alto) pode ser atado a estacas de forma a se suportarem os caules durante o seu
crescimento. Atar, folgadamente, os tomateiros às estacas e re-atá-los com
frequência durante o período de crescimento. A fim de não danificar as raízes
do transplante. As estacas devem ter uma altura de 1,5 m, no mínimo, visto que
serão enterradas no solo até uma profundidade de 4050 cm. Dever-se-á lavar as
estacas com um desinfectante antes da sua reutilização, de forma a destruir
quaisquer germes ainda presentes nas mesmas.
4.6.2 Construção
de uma cerca
A construção de
uma cerca com uso de estacas e corda/ arame, para suportar o tomateiro (tipo
alto), é útil devido a várias razões:
ü As plantas obtêm um suporte mais adequado
e previne-se a quebra dos caules;
ü Devido à melhor ventilação, reduzir-se-á a
possibilidade da difusão de doenças, que é particularmente importante em zonas
húmidas ou durante estações húmidas;
ü Prevenindo qualquer contacto entre o solo
e os frutos, estes não se apodrecerão;
ü Possibilita o plantio de mais plantas por
hectare;
ü
Facilita
a monda e a colheita;
A construção de uma cerca também pode ser
prática para os tomateiros do tipo arbusto, de forma a prevenir que os cachos
pesados de frutos toquem o chão. Folhas e frutos que estão em contacto com o
chão apodrecem facilmente, visto haver uma maior possibilidade de que as
plantas sejam danificadas por doenças e insectos. Pode-se prevenir isto,
colocando uma cerca de duas cordas paralelas em ambos os lados da planta ou
colocando palha ou uma cobertura morta (mulch)
debaixo das plantas.
4.6.3 Controle
fitossanitário
A plantação é
inspecionada diariamente, para verificar a eventual ocorrência de doenças e
pragas e adotar o método de controle mais adequado a cada situação.
4.6.4 Adubação
em cobertura
É efetuada de
acordo com o desenvolvimento e as necessidades da planta. De modo geral, aplicamse por cova de 25 a 30 g de mistura
preparada com 10 kg de nitrogênio e 20 kg de potássio, aos 30 a 35 dias e aos
60 a 70 dias do transplante.
4.6.5 Correção
de deficiências de nutrientes
Não obstante a
calagem, a aplicação de matéria orgânica e de adubos minerais, pode ocorrer deficiências
nutricionais. As mais comuns são de
cálcio e magnésio. Há outros tratos,
além desses rotineiros.
O desponte da
haste principal do tomateiro é um meio de fazer que os frutos das pencas superiores atinjam maior
tamanho. Essa operação se faz
normalmente acima da sexta penca ou quando a haste principal ultrapassar o
arame. Em variedades do grupo salada, faz-se o desbaste dos frutos, deixando 2
ou 3 deles em cada penca.
4.7
Controlo das ervas daninhas
As ervas daninhas
competem com os tomateiros pela luz, a água e os nutrientes. Às vezes, fornecem
abrigo aos organismos patogénicos para os tomateiros, como sejam o vírus do
frisado amarelo do tomateiro (TYLCV), reduzindo o rendimento. Um maneio eficaz,
não químico, das ervas daninhas começa por uma lavoura profunda, várias
rotações de culturas, e culturas de cobertura competitivas.
As seguintes práticas integradas são úteis
para controlar, de forma eficaz, as ervas daninhas:
Ø A remoção dos restos vegetais da cultura
anterior e as práticas de saneamento do campo ajudam a prevenir a introdução de
sementes das ervas daninhas.
Ø Por meio de uma lavoura profunda com o
cultivador e a exposição do solo à luz do sol antes do transplante, destroem-se
as sementes das ervas daninhas.
Ø É importante que o campo se mantenha sem
ervas daninhas durante 4-5 semanas depois do transplante. É durante este
período que se deve suprimir a competição das ervas daninhas de forma a
prevenir a redução do rendimento.
Ø As ervas daninhas que crescem entre as
fileiras da cultura controlam- se mais facilmente. Removem-se, geralmente, por
meio de uma lavoura superficial ou através da aplicação de uma cobertura
morta.
Ø Em grandes superfícies de uso agrícola, a
lavoura mecânica é o método comum para controlar as ervas daninhas dentro de e
entre as fileiras. Por meio de uma lavoura superficial até 1-2 polegadas (2,5-5
cm) de profundidade controlam-se as ervas daninhas e despedaçase o solo
encrostado ou compactado. A amontoa do solo para a o pé da fileira de plantas
ajuda a sufocar as pequenas ervas daninhas dentro da fileira e, além disso, os
tomateiros desenvolvem raízes que vão mais para cima, desenvolvendo-se também
na parte inferior do caule.
Ø A primeira lavoura pode ser feita bastante
perto das plantas recém estabelecidas, mas as lavouras posteriores devem ser
mais superficiais e a uma maior distância dos caules para se prevenir a
danificação das plantas e a redução do rendimento.
Ø A monda manual constitui um método eficaz
para controlar as ervas daninhas que crescem entre as plantas numa
fileira.
Ø A aplicação de uma cobertura morta com uso
de restos vegetais beneficia a supressão de ervas daninhas, a retenção da
humidade do solo e a libertação lenta de nutrientes durante o processo de
decomposição. Os resíduos vegetais estimulam insectos benéficos como sejam os
besouros predadores. Também estimulam o aumento da população de aranhas e
minhocas. Os tipos comuns da cobertura morta orgânica são a palha de trigo,
palha de arroz, ervas daninhas, palha de sorgo (mapira) e de milho miúdo
(mexoeira).
5. Pragas
e doenças
Praticamente
todas as pragas e doenças podem ser controladas de forma adequada através da
aplicação de pesticidas químicos sintéticos. Contudo, a maior parte dos
pesticidas são dispendiosos e, às vezes, muito prejudiciais para os seres
humanos e o meio-ambiente, de forma que o seu uso deverá limitar-se a casos de
emergência. Além disso, há algumas pragas que desenvolveram uma resistência a
certos pesticidas.
Por conseguinte,
recomendam-se estratégias de Maneio Integrado de Pragas (MIP) que combinam o
uso de variedades resistentes, práticas apropriadas de cultivo e uma aplicação
sensata de pesticidas.
5.1 Nemátodos
Os nematódeos são
vermes minúsculos que vivem no solo, alimentando-se das raízes de plantas.
Devido ao seu tamanho reduzido (têm apenas alguns mm de comprimento), não podem
ser vistos a olho nu. Têm uma armadura bucal perfuradora, que utilizam para
sugar a seiva das plantas. Por conseguinte, podem provocar uma redução da
capacidade produtiva das plantas e também prejuízos ainda mais graves devido a
vírus ou fungos penetrarem nas plantas através das feridas feitas pelos
nemátodos. Os ditos invasores provocam doenças nas plantas e, por fim, a sua
morte.
Se se descobrir
uma área no campo cultivado onde uma parte da cultura mostra claros sintomas de
ter um desenvolvimento atrasado, onde as plantas são de cor mais clara e têm
folhas com formas anormais, mas não mostrando indícios de um padrão de mosaico,
dever-se-á suspeitar de uma infestação de nemátodos.
No cultivo do tomate, os nemátodos dos nódulos
radiculares constituem um grande problema. Provocam o desenvolvimento de galhas
(tumores cancerosos) nas raízes das plantas. Três tipos comuns dos nemátodos
dos nódulos radiculares são: Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria.
As plantas afectadas continuam a ser pequenas e são susceptíveis a doenças
fúngicas e bacterianas, transmitidas através do solo. Nas regiões tropicais,
perde-se, aproximadamente, 30% da colheita do tomate devido a nemátodos.
A infestação e a
transmissão de nemátodos podem ocorrer através de material vegetal infectado,
ferramentas, água da chuva e da rega, ventos fortes (levando partículas
infestadas do solo), e solo contaminado que está pego no calçado de pessoas ou
nas patas de animais. Os nemátodos sobrevivem no solo enquanto este estiver
húmido.
O uso de
pesticidas químicos (nematicidas) e esterilizantes do solo (de que faz parte um
tratamento com vapor) é eficaz, mas também dispendioso. Tentar aplicar também
as seguintes medidas de MIP para suprimir ou limitar a infestação de
nemátodos:
•
A
rotação do tomate com outras culturas como sejam cereais, couve, cebola,
amendoim, mandioca, gergelim, etc. Não alternar com Solanáceas. (Recomenda-se não alternar com culturas
pertencentes à família das Cucurbitáceas (p.ex. pepino ou abóbora) nem com a
papaia, visto que também estas podem causar a transmissão de doenças).
•
A
remoção das ervas daninhas e de restos vegetais (folhas e frutos podres).
Intercalar plantas que, através das suas raízes, emitem substâncias que repelem
ou destroem os nemátodos, como sejam o gergelim ou espécies de Tagetes (um tipo
de cravo de defunto; podem se encontrar ervas daninhas parecidas em muitos
países).
•
Exposição
do solo ao sol e ao vento. Lavrar o solo várias vezes com charrua. Devido à lavoura,
os nemátodos serão transportados para a superfície do solo e, por conseguinte,
estarão expostos ao sol e a temperaturas altas, de forma a que serão
destruídos.
5.2
Insectos
Todos os insectos picadores e sugadores, como sejam as moscas brancas, os
tripés e os afídeos (pulgões) apenas provocam danos mecânicos se manifestarem
em grandes quantidades. Contudo, os vírus possivelmente transmitidos por estes
insectos podem causar prejuízos muito mais graves. Estes insectos podem vir de
fora do campo cultivado e provocar, finalmente, a infestação de toda a
cultura.
Além disso, as folhas danificadas por insectos tornam-se mais susceptíveis
a infecções por doenças fúngicas e bacterianas. As culturas produzidas debaixo
de uma cobertura fechada de vidro, filme de plástico ou mosquiteiros, ou uma
combinação destes, ficarão protegidas contra ataques de insectos e infestações
de vírus.
5.2.1
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Os adultos são brancos e têm um
comprimento de 1-2 mm. Tal como as
larvas, alimenta-se da seiva das
folhas. Ao virar uma planta
infestada é comum que as moscas
brancas se levantam num grande
grupo. Põem ovos no lado inferior
das folhas. Após, aproximadamente,
uma semana as larvas saem dos ovos. Depois de 2 a 4 semanas as
larvas formam um casulo onde ficam
durante, aproximadamente, uma semana
para levar a cabo a sua metamorfose.
As moscas brancas constituem, particularmente, um problema durante a
estação seca, visto que desaparecem quando começa a estação das chuvas. Algumas
medidas para lutar contra a mosca branca são:
•
Estimular
a presença de predadores naturais da mosca branca, plantando arbustos ou outros
tipos de vegetação entre as fileiras da cultura (plantio intercalar) ou às
beiras dos carreiros entre os canteiros. Não usar pesticidas.
•
Usar
cultivares resistentes (folhas peludas estorvam a mosca branca durante a
postura dos ovos).
•
Pulverizar
com uma solução de querosene e sabão para controlar a mosca branca
5.2.2 Afídeos/pulgões
(Aphidae)
Os afídeos ou
pulgões são insectos moles, oblongos com um comprimento de, aproximadamente, 2,5 mm. Há tipos com e sem asas. Provocam danos directos quando aparecem na cultura em grandes números, onde preferem as
folhas e caules mais tenros. Além de
provocar uma danificação directa, os afídeos também transmitem vários tipos de vírus.
Algumas medidas para controlar
os afídeos são:
•
Remover
os restos vegetais das velhas culturas antes de semear uma nova cultura.
•
Realizar
um cultivo intercalar com outras culturas.
•
Moderar
o uso de fertilizante com azoto; usar fertilizantes orgânicos.
•
Pulverizar
com uma solução de sabão, urina de vaca ou extracto de neem (amargoseira, Azadirachta
indica).
5.2.3 Tripés (Thripidae)
Os tripés são
insectos minúsculos, com um comprimento de apenas 0,5 até 2 mm, de forma que se
deve olhar com atenção para conseguir observá-los. No geral, têm asas. Os tripes põem ovos nas folhas. As
larvas aparecem, aproximadamente, após 10 dias.
As larvas e os
tripés adultos sugam a seiva das folhas, provocando o aparecimento de manchas
prateadas na superfície das folhas afectadas. Os tripés adultos também depositam os seus excrementos nas folhas,
que são visíveis na forma de pequenos pontos pretos.
Algumas medidas para controlar os tripés são:
•
Cobrir
o chão com um filme de plástico de forma a prevenir que os tripes entrem no
solo para a sua fase de metamorfose no casulo.
•
Lavrar
bem a fim de os casulos chegarem à superfície onde secam e, por conseguinte,
morrem.
•
Remover
os restos vegetais da cultura.
•
Pulverizar
com uma solução de sabão ou de neem (amargoseira, Azadirachta indica) nas
plantas. Contudo, isto não afectará os casulos presentes no solo, de forma que
se deve repetir a aplicação para destruir os adultos, quando aparecem à
superfície.
5.2.4 Borboletas e traças
(Lepidópteros)
As borboletas e
traças são pragas comuns nas culturas do tomate. Põem ovos verdes ou castanhos
nas folhas tenras, flores e frutos. As larvas saídas dos ovos (lagartas)
alimentam-se das folhas, flores, frutos e até as raízes. Durante este período
de alimentação, as lagartas aumentam o seu tamanho, desenvolvendo-se através de
várias fases larvais. Ao final, entram no solo para formarem casulos. Depois de
algumas semanas, os insectos adultos com asas sairão dos casulos para
dispersar-se, voando.
Algumas medidas
para controlar as lagartas são:
Ø Remover e destruir os frutos infectados.
Aplicar uma rotação de culturas;
Ø Inspecionar, com frequência, a presença de
ovos e tomar medidas para controlar as larvas novas;
Ø
Utilizar
armadilhas de luz, que atraem traças durante a noite, de forma a prevenir que
ponham ovos nas plantas. Aplicar cinza de madeira, aparas ou lascas de madeira e/ou cálcio nas camas
de sementes. Realizar uma cultura intercalar com couve;
Ø Pulverizar com o Bacillus thuringiensis,
um insecticida biológico, vendido pelos fornecedores locais de pesticidas;
5.2.5 As cigarrinhas
(Cicadellidae) e a Empoasca fabae
A cigarrinha mais
comum, que constitui uma praga na cultura do tomate, é a Empoasca fabae. As
cigarrinhas têm um comprimento de 2-30 mm e ao serem estorvadas, movem-se de
lado. Põem ovos verdes com forma de banana no lado inferior das folhas.
Alimenta-se da
seiva das plantas e onde tem sugado, a folha torna-se mais clara. No caso duma
danificação grave, toda a folha fica com uma cor clara.
Algumas medidas
para controlar as cigarrinhas são:
Ø
Se
for possível, dever-se-á realizar o plantio durante a estação das chuvas.
Ø
Usar
cultivares resistentes (folhas peludas estorvam a postura de ovos).
Ø
Aplicar
uma cobertura morta adequada (desta maneira previne-se que as cigarrinhas
formem casulos no solo).
Ø Pulverizar com uma solução de neem
(amargoseira, Azadirachta indica) ou outros pesticidas usados localmente
(piretro, derris, cevadilha). O melhor momento para pulverizar é durante o
primeiro mês, quando as plantas têm, aproximadamente, 10 cm de altura. É
neste período que as cigarrinhas fêmeas põem ovos.
5.2.6 Ácaros (Tetranychus spp.)
Os ácaros são pequenos insectos
araneiformes. O seu tamanho é inferior a um 1 mm, e a sua cor é, geralmente,
amarela, vermelha ou cor-de-laranja. Põem ovos no lado inferior das folhas. As
larvas e os insectos adultos sugam a seiva das folhas. Por conseguinte, as
folhas e os caules tornam-se amarelos e secam. Os ácaros podem fazer uma teia
(pelugem) de fios finos, parecida à teia de aranha. A danificação mais grave
provocada pelos ácaros ocorre durante a estação seca.
Algumas das
medidas para controlar os ácaros são:
Ø Se for possível, realizar o plantio da
cultura durante a estação das chuvas.
Ø Estimular a presença de predadores
naturais por meio do plantio intercalar de arbustos e outros tipos de vegetação
variada, ou o cultivo dos mesmos ao longo dos carreiros.
Ø
Pulverizar
com uma solução de sabão ou de querosene e sabão.
5.3 Insectos benéficos
Os insectos
benéficos podem ser úteis para o controlo das pragas nocivas.
Alguns exemplos
de predadores naturais:
Ø A joaninha, que controla a mosca
branca;
Ø A chrysoperla carnea, que controla
afídeos/pulgões e a mosca branca;
Ø A mosca sirfídea, que controla os ovos do
afídeo/pulgão;
Ø
A
vespa trichogramma, que controla a lagarta das maçãs (carpocapsa pomonella); Ø O bacillus thuringiensis, que controla a lagarta-militar.
6. Doenças
Os tomateiros são
susceptíveis a vários fungos, bactérias e vírus. Fungos e bactérias causam a
ocorrência de doenças nas folhas, nos frutos, nos caules e nas raízes. Uma
infecção de vírus provoca, geralmente, um crescimento retardado (nanismo) e uma
produção reduzida. Os danos provocados por doenças podem levar a uma redução
considerável de rendimentos para o agricultor.
6.1 Bactérias
As bactérias são
organismos unicelulares minúsculos que não podem ser vistas a olho nu, mas
apenas com microscópio. Ao contrário dos fungos, cujos esporos germinam e,
depois, são capazes de penetrarem pela epiderme intacta da planta, as bactérias
infectam apenas uma planta através de pontos débeis, como sejam cicatrizes,
estomas e lenticelas (pequenos poros na superfície de caules e raízes) e
feridas (devido à poda) ou outras lesões físicas. No solo podem penetrar na
planta através de lesões nas raízes.
As bactérias
encontram-se em todos lados, no ar e em objectos. As bactérias podem chegar ao
ponto onde penetram a planta devido a actividades humanas, pegadas aos sapatos,
e nas patas de insectos, pelos salpicos das gotas de chuva ou o movimento de
pó/poeiras pelo vento.
A maior parte das doenças bacterianas são
transmitidas em condições de humidade e temperatura altas. Quando penetram numa
planta, as bactérias atingem, geralmente, o sistema vascular dos caules, raízes
e folhas, provocando nestas últimas, muitas vezes, um processo de
emurchecimento.
Para prevenir que as doenças bacterianas se difundam por toda a cultura é
necessário prevenir a danificação dos tomateiros. Muitas doenças bacterianas
sobrevivem no solo. Por conseguinte, dever-se-á praticar uma rotação de
culturas e não cultivar tomates durante vários anos sucessivos no mesmo campo.
A única maneira de erradicá-las rapidamente é a esterilização do solo com uso
de produtos químicos ou com vapor. Recomenda-se o uso de variedades
resistentes, caso possa obter sementes.
6.1.1 Murcha-bacteriana
(provocada por Ralstonia solanacearum)
Esta bactéria é
particularmente comum nas planícies tropicais húmidas, onde as temperaturas são
relativamente altas. Trata-se de uma doença que se transmite através do solo.
Nas plantas infectadas, os sintomas iniciais são o emurchecimento das folhas
terminais, a que se segue dentro de 2-3 dias um emurchecimento repentino e
permanente, mas sem amarelecimento. Podem-se desenvolver raízes adventícias nos
caules principais.
O sistema
vascular (vasos) nos caules das plantas infectadas tem uma cor castanha clara
num corte transversal ou longitudinal; torna-se de cor castanha mais escura
durante uma fase posterior da infecção. Quando a planta está completamente
murcha, a medula e o córtex (córtice) tornamse também castanhos, perto do nível
do chão. Quando se suspendem secções do caule duma planta infectada, em água,
os elementos do xilema (tecido lenhoso) ressudam um fluxo branco, leitoso, de
bactérias.
As bactérias
sobrevivem no solo e entram nas raízes de plantas novas através de feridas
causadas pelo cultivo, transplante, insectos ou certos nemátodos. As bactérias
difundem-se por meio da água de rega, pelo movimento do solo ou, durante o
transplante, através do movimento de plantas infectadas.
As medidas
seguintes ajudam a controlar a murcha-bacteriana:
Ø
Usar variedades tolerantes/resistentes;
Ø Evitar os campos infectados. Se o solo
estiver infectado, não cultivar Solanáceas durante 7 anos, no mínimo;
Ø Aplicar uma rotação com cereais;
Ø
Não
ferir as raízes ou as folhas e, por conseguinte, ter cuidado durante o
transplante. Podar o menos possível;
Ø
Fazer
com que o campo seja bem drenado; Ø Se for
necessário, esterilizar o solo.
6.1.2 Mancha-bacteriana
(provocado por Xanthomonas axonopodis
p.v. vesicatoria)
Esta bactéria
está difundida em todo o mundo, mas o nível de difusão é mais elevado nas
regiões tropicais e subtropicais. Estes organismos patogénicos difundem-se
através de sementes, insectos, gotas de chuva, restos vegetais infectados e
ervas daninhas pertencentes à família das Solanáceas. Chuvas fortes e uma
humidade alta favorecem o desenvolvimento desta doença. As bactérias entram na
planta através de estomas e feridas.
Os organismos
patogénicos afectam as folhas, os frutos e os caules. Aparecem pequenas manchas
nas folhas e nos frutos das plantas infectadas. As ditas manchas são,
geralmente, de cor castanha e circulares. As folhas tornam-se amarelas e,
depois, caiem no chão. As lesões nos caules e nos pecíolos são elípticas.
As medidas
seguintes podem ajudar a controlar a mancha-bacteriana.
Ø Usar sementes ou plantas transplantadas
isentas de organismos patogénicos. Aplica-se um tratamento com água quente, com
uma temperatura de 50°c, pondo as sementes de molho, durante 25 minutos;
Ø Aplicar uma rotação de culturas;
Ø Mondar com meticulosidade e remover,
particularmente, as ervam daninhas pertencentes à família das solanáceas;
Ø
Remover
os restos vegetais da cultura; Ø Aplicar cobre ou
cobre+maneb.
6.1.3 Cancro bacteriano
(provocado por Clavibacter michiganense)
O cancro bacteriano é uma doença do
tomateiro com um grande impacto económico que tem difusão em todo o mundo. A
doença difunde-se através de sementes ou por meio do solo. As bactérias podem
sobreviver em restos vegetais. As plantas são infectadas através de raízes ou
caules feridos. A danificação pode tornar-se grave na presença de nemátodos dos
nódulos radiculares. As folhas de plantas infectadas tornam-se amarelas,
emurchecem e secam. Nos caules aparecem listas compridas, de cor castanha, que
podem rachar.
Nos caules podem-
se desenvolver raízes adventícias e, sob determinadas condições, também
cancros. Na parte interior, os tecidos vasculares dos caules têm listas de cor
amarela clara até castanha. Finalmente, a medula torna-se descolorida e
farinhosa. Nos frutos aparecem os sintomas dos chamados “olhos de pássaro” que
se caracterizam por manchas redondas, levemente empoladas, com um ponto
vermelho rodeado por um anel branco. Estes sintomas não aparecem em todos os
casos, mas constituem uma ajuda diagnóstica útil quando estão presentes.
A seguir
apresentam-se algumas medidas para controlar o cancro bacteriano:
Ø Usar sementes ou plantas transplantadas
isentas de organismos patogénicos. As sementes podem ser postas de molho
durante 30 minutos em água com uma temperatura de 56°C, ou durante 5 horas numa
solução de 5% de ácido clorídrico, de forma a desinfetá-las;
Ø Não semear em solos infectados. Para o
cultivo em estufas dever-se-á usar solo, mistura para vasos e vasos ou
tabuleiros/depósitos caixas esterilizados;
Ø As ferramentas de poda devem ser
desinfetadas antes de serem usadas e ser bem limpas depois;
Ø Remover e queimar os restos vegetais da
cultura;
Ø Recomenda-se a rotação de culturas de
tomate com uma cultura não hospedeira.
6.2 Vírus
O tomateiro é muito susceptível a doenças
de vírus. Um vírus é um organismo patogénico submicroscópico, com uma estrutura
de proteínas, que não pode ser visto a olho nu ou através de um microscópio
ordinário. Difunde-se, geralmente, na cultura através de insectos portadores
como sejam as moscas brancas, tripés e afídeos (pulgões). Os prejuízos causados
pelos vírus são, geralmente, muito mais graves que os danos físicos provocados
pelos insectos portadores.
Normalmente, o
tecido vegetal danificado por uma doença de vírus não morre imediatamente. O
sintoma mais importante de infecções de vírus é a cor clara (branca ou amarela)
das folhas ou o padrão de mosaico de tonalidades verdes claras e escuras nas
folhas.
Em muitos casos,
uma doença de vírus leva a um crescimento retardado, formação de rosetas ou
outras deformações extraordinárias de caules e folhas. Ao contrário das doenças
fúngicas ou bacterianas, os sintomas de infecções de vírus não se encontram,
geralmente, em todas as partes do campo cultivado. É sempre possível encontrar
várias plantas sem sintomas de doença.
Alguns vírus
encontrados nas culturas do tomateiro são:
Ø Vírus do mosaico do tabaco/tomateiro (tobacco/tomato mosaic vírus,
TMV/tomv);
Ø Vírus do mosaico amarelo das cucurbitáceas
(cucumber mosaic vírus, CMV);
Ø Vírus etch do tabaco/fumo (tobacco etch virus, TEV);
Ø Vírus Y da batateira (potato virus-Y, PVY);
Ø Vírus do enrolamento da batateira (potato leafroll virus, PLRV);
Ø Vírus do bronzeamento do tomateiro (tomato spotted wilt virus, TSWV);
Ø Pepper
veinal mottle virus (termo
inglês, também PVMV);
Ø Chilli
veinal mottle vírus (termo
inglês, também CVMV ou chivmv);
Ø Vírus do frisado amarelo do tomateiro (tomato yellow leaf curl virus, TYLCV); Ø Tomato big-bud mycoplasma (termo inglês, também TBB).
6.2.1 Vírus do mosaico do tabaco
(TMV)
TMV causa graves doenças nas culturas do tomate. Os sintomas incluem folhas
com manchas amarelas-verdes, folhas enroladas, crescimento retardado (nanismo)
e descoloração dos frutos. As plantas saudáveis podem ser infectadas
mecanicamente através de contacto com maquinaria ou pessoal. O vector natural
de TMV não é conhecido, mas o vírus é transmitido pelas sementes. As medidas de controlo incluem:
Ø Usar sementes isentas de organismos
patogénicos e a destruição de plantas infectadas;
Ø Prevenir qualquer contacto com plantas
infectadas e com o tabaco, quer dizer, não fumar perto das plantas visto que
mesmo as cinzas de um cigarro podem
transmitir a infecção e lavar as mãos com sabão e água antes de se acercar da
cultura do tomate;
Ø Prevenir a presença de outras Solanáceas
na proximidade do campo, Usar variedades resistentes.
6.2.2 Vírus do mosaico amarelo
das cucurbitáceas (CMV)
O CMV causa um
crescimento retardado (nanismo) dos tomateiros.
Nas folhas pode
aparecer um ligeiro mosqueado verde ou sintomas de filiformismo (shoestring),
quer dizer, a superfície das folhas fica muito reduzida. Os frutos têm um
tamanho reduzido e ficam, geralmente, deformados. O CMV é transmitido por
diferentes espécies de afídeos (pulgões). Os afídeos introduzem o vírus na
cultura do tomate proveniente, geralmente, de ervas daninhas ou culturas
adjacentes.
Para prevenir a
ocorrência de epidemias do CMV é importante que se controlem os vectores:
Ø
Cultivo de variedades resistentes;
Ø Como o CMV apresenta uma ampla gama de
plantas hospedeiras, é importante que se destruam as ervas daninhas e plantas
ornamentais que albergam o vírus;
Ø
A
remoção e destruição das plantas infectadas individuais pode ajudar a limitar a
difusão do vírus dentro do campo.
6.2.3
Vírus Y da batateira (PVY)
Os sintomas do PVY dependem da classe do
vírus, variando entre um mosaico ligeiro até necrose.
O PVY é
transmitido por muitas espécies de afídeos (pulgões).
Ø O PVY controla-se muito dificilmente com uso de insecticidas. Pode-se
limitar a difusão do vírus por afídeos usando coberturas mortas reflexivas e
armadilhas pegajosas de insectos, de cor amarela. O cultivo de plantas úteis
nas culturas do tomate é muito importante para controlar o PVY.
6.2.4 Vírus do bronzeamento do
tomateiro (TWSV)
O TSWV é uma
doença do tomateiro com um grande impacto económico nas regiões tropicais. As
plantas infectadas têm um crescimento retardado (nanismo) e folhas amarelas. Os
frutos têm anéis característicos de cor verde, amarela e vermelha, levemente
empolados e com forma de “olhos de boi”. O TSWV é transmitido por várias
espécies de tripés. Pontos de atenção:
Ø A destruição dos tripés e das plantas
hospedeiras é importante para a prevenção da doença;
Ø
As
culturas do tomate dever-se-ão localizar o mais longe possível dos campos de
flores; Ø Usar variedades resistentes.
6.2.5 Pepper veinal mottle virus (PVMV)
O PVMV causa
manchas de mosaico nos tomateiros. As classes de vírus severamente nocivas
podem causar uma necrose das folhas e dos caules. Em condições naturais, o PVMV
é transmitido de forma não persistente por, no mínimo, cinco espécies de
afídeos: Aphis gossypii, A. crassivora, A. spiraecola, Myzus persicae
e Toxoptera citridus.
A fim de
controlar o PVMV:
Ø as culturas do tomate não devem ser plantadas
perto de culturas infectadas;
Ø
Também
se pode reduzir a difusão do PVMV aplicando a monda e controlando os afídeos no
viveiro.
6.2.6 Chilli veinal mottle virus (CVMV)
O CVMV provoca a
aparência de um mosaico amarelo ou manchas cloróticas nas folhas dos
tomateiros. Este vírus é transmitido de forma não persistente por várias
espécies de afídeos (pulgões).
As medidas
principais para controlar a doença consistem em práticas apropriadas de cultivo
que incluem o cultivo intercalar com milho ou o uso de coberturas mortas
reflexivas para reduzir a população de vectores.
6.2.7 Vírus do frisado amarelo
do tomateiro (TYLCV)
O TYLCV está
difundido em todo o mundo. As plantas infectadas têm uma forma erecta e um
crescimento retardado (nanismo). As folhas ficam amarelas e encrespam para cima
ou para baixo. Caso as plantas sejam infectadas no viveiro, o rendimento pode
reduzir-se a zero. O TYLCV é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci).
Algumas medidas
comuns de controlo são:
Ø
Uso de variedades tolerantes;
Ø Uso duma cobertura morta de plástico
reflexivo; Ø Protecção das plântulas no viveiro com
mosquiteiros; Ø Controlo dos insectos vectores.
6.3 Fungos
Fungos são organismos
que consistem, geralmente, de filamentos discerníveis (hifas). Os conjuntos de
hifas (micélio) são visíveis a olho nu e têm a aparência de chumaços de algodão
muito fino. O micélio é, geralmente, de cor esbranquiçada. Os conjuntos de
esporos e os frutos têm, geralmente, cores vivas. Um exemplo bem conhecido é o
dos conjuntos de esporos verdes ou esbranquiçados que se desenvolvem em pão que
já não é fresco e fruta estragada.
Uma infecção
fúngica é causada, geralmente, por esporos de fungos que caiem nas folhas,
nelas germinam e penetram o tecido vegetal através de estomas (pequenos
orifícios na epiderme da planta), de feridas ou, às vezes, até directamente
através da própria epiderme.
Os filamentos
desenvolvem-se, a um ritmo de crescimento cada vez mais alto, no tecido vegetal
afectado, do qual extraem nutrientes e no qual podem excretar substâncias que
são tóxicas para a planta, de forma que, geralmente, o tecido vegetal afectado
morre pelo impacto. Os efeitos nocivos dos fungos limitam-se, geralmente, à
área afectada, mas existem alguns tipos de fungos que invadem os tecidos
vasculares (vasos do lenho ou xilema) e, por conseguinte, se difundem por toda
a planta (Fusarium e Verticillium spp.).
Os sintomas mais
claros das doenças fúngicas são as manchas presentes nas folhas. As ditas
manchas são, normalmente, de forma redonda ou ovalada, mas também podem ter uma
forma poligonal ou de fuso (com extremos pontiagudos). Durante a fase inicial
da infecção, podem- se discernir áreas „húmidas‟ nas folhas, onde as folhas
posteriormente acabarão por morrer. Durante uma fase posterior da infecção, as
manchas presentes nas folhas têm um centro morto, de cor castanha, e estão
rodeadas por um halo claro ou escuro. Em redor do centro desenvolvem-se anéis
concêntricos de diferentes tonalidades castanhas ou cinzentas.
O controlo de
doenças fúngicas realiza-se facilmente com uso de variedades resistentes. A
aplicação de uma rotação de culturas também pode ajudar, particularmente no
caso das doenças fúngicas que se transmitem através do solo. Também é
importante que se eliminem os restos vegetais da cultura.
A maior parte das doenças fúngicas pode
ser controlada por meio da aplicação de fungicidas químicos, apropriados, nas
folhas da cultura.
Em zonas em que a pluviosidade é alta e frequente, os sedimentos de
fungicidas (e também insecticidas) podem ser lavados das folhas e, por
conseguinte, perder a sua eficácia. A protecção da cultura contra as gotas de
chuva, por meio do estabelecimento de faixas de plástico transparente sobre as
plantas, ajuda para se prevenir a perda de pesticidas.
Outra razão para
manter as folhas o mais secas possível é que, desta maneira, se impede que as
bactérias e alguns esporos fúngicos se movam numa película de água e encontrem
facilmente pontos para entrar nas folhas, infectando as plantas, através das
lenticelas.
Seguidamente
descrevem-se as infecções fúngicas principais:
6.3.1 Alternariose (provocada
por Alternaria solani)
Pode-se encontrar este fungo em todas as partes do mundo. As infecções são
particularmente graves em climas húmidos e quentes. A doença difunde-se através
de sementes, do vento, da chuva e de restos vegetais infectados. As plantas danificadas
são mais susceptíveis a serem afectadas por este fungo. Os sintomas são manchas
redondas, castanhas (com anéis concêntricos como num alvo) que aparecem nas
folhas, atingindo um diâmetro de 1,5 cm. Às vezes, encontram-se pequenos
pedaços no caule ou nas folhas, causando o amarelecimento e emurchecimento das
folhas.
Também causa a
queda de flores e frutos pequenos.
As medidas
principais de controlo são:
Ø O uso de variedades tolerantes;
Ø A remoção e a queima de partes vegetais
danificadas
Ø
Uma monda frequente e meticulosa
Ø O uso de sementes livres de organismos
patogénicos
Ø A aplicação duma rotação de culturas
Ø A prevenção duma deficiência de água
Ø O costume de não plantar plantas novas
perto de plantas velhas
Ø A aplicação de fungicidas eficazes, caso
se possam obter
6.3.2 Míldio da batateira e do
tomateiro (provocado por Phytophtora infestans)
Este tipo de fungo pode ser encontrado em todas as regiões do mundo mas é
mais comum nas serras ou, em condições frescas e húmidas, nas planícies. O
fungo difunde-se, geralmente, através dos restos vegetais da cultura. Nas
folhas aparecem manchas escuras, húmidas, com uma mancha amarela no centro. Às
vezes, as manchas começam a desenvolver-se nas margens das folhas, difundindo-se
para o seu centro e, outras vezes, as manchas difundem-se dos centros das
folhas para a sua margem. Nos lados inferiores das folhas, as manchas são
brancas.
Os caules e os
frutos também podem ser afectados. Nos frutos aparecem manchas castanhas e as
folhas emurchecem. Os sintomas do míldio da batateira e do tomateiro tornam-se
visíveis cedo no período de cultivo.
Medidas pelas
quais se pode prevenir a aparência do míldio da batateira e do tomateiro:
Ø O uso de variedades tolerantes;
Ø Uma monda frequente e meticulosa;
Ø A remoção e a queima de plantas afectadas
e restos vegetais;
Ø O costume de não plantar plantas novas
perto de plantas velhas;
Ø A aplicação de uma cobertura morta nas
camas de sementes, de forma a que se possa reduzir a rega;
Ø A prevenção do plantio de tomateiros perto
duma cultura de batateiras;
Ø
O
aumento do arejamento através do suporte com estacas e a remoção de folhas
afectadas.
6.3.3 Doença do
escloroto/Fusariose (provocada por Fusarium oxysporum)
As folhas
emurchecem e tornam-se amarelas de baixo para cima e encrespam- se nas margens.
Ao cortar o caule ou as raízes, torna-se visível uma mancha castanha. As
plantas podem emurchecer num só lado das folhas, enquanto os outros lados ou as
outras partes das plantas podem continuar sendo saudáveis durante muito tempo.
Nas partes vegetais mortas encontra-se uma pelugem rosada de fungo.
Algumas medidas que ajudam a
controlar a doença do escloroto (fusariose) são:
Ø O uso de variedades resistentes ou tolerantes;
Ø A aplicação duma rotação de culturas;
Ø A remoção e a queima de plantas
afectadas;
Ø A minimização da frequência de rega. A fim
de prevenir que o solo seque completamente dever-se-á aplicar uma cobertura
morta na cama de sementes;
Ø
A
redução da acidez do solo por meio da aplicação de cálcio ou de marga.
6.3.4 Verticiliose (provocada
por Verticillium albo-atrum, V. dahliae)
Esta doença é
mais comum nos climas frescos (p.ex. nas serras). Os sintomas de uma infecção
de verticiliose são similares aos sintomas da fusariose, mas aparecem mais
lentamente. As plantas murcham e as folhas tornam-se amarelas. Podem-se formar
muitas raízes laterais na base das plantas.
O fungo
difunde-se através dos restos vegetais da cultura, particularmente em solos
levemente ácidos (com pH baixa). Esta doença também afecta outras espécies das Solanáceas.
As medidas para
controlar esta doença de emurchecimento são:
Ø O uso de variedades
resistentes/tolerantes;
Ø
Uma monda meticulosa;
Ø A lavra e a remoção dos restos vegetais da
cultura;
Ø O uso de sementes saudáveis; Ø A rotação com plantas não Solanáceas; Ø A
aplicação de cálcio ou marga no solo.
No que diz
respeito às doenças que a seguir se mencionam, recomenda-se aplicar as medidas
gerais de controlo, discutidas ao começo deste capítulo
6.3.5 Oídio (provocado por
Leveillula taurica)
Este tipo de
míldio manifesta-se com manchas amarelas nas folhas e com pó, procedente dos
esporos, no lado inferior das ditas manchas.
Ao contrário dos
outros tipos de míldio, os filamentos das hifas encontram-se completamente no
interior das plantas. As plantas são infectadas através dos estomas e da
superfície das folhas. A doença difundese rapidamente em condições secas.
6.3.6 Antracnose (provocada por
Colletotrichum coccodes)
Os sintomas de
uma infecção desta doença são manchas (pequenas amolgaduras) castanhocinzentas
nos frutos e, num clima húmido, esporos de cor-de-salmão. A doença difundese
rapidamente em condições climáticas húmidas e de altas temperaturas. A
transmissão é efectuada de forma mais comum através de material vegetal
infectado (particularmente dos frutos). Por conseguinte, as medidas no que diz
respeito à higiene nos tratamentos culturais revestem-se de primordial
importância.
6.4 Outras causas da danificação
de culturas
As seguintes
anomalias não são provocadas por insectos ou doenças mas, na maior parte, por
deficiências nutricionais e condições climáticas desfavoráveis.
6.4.1 Racha dos frutos
A racha dos
frutos implica a aparição de pequenos rasgões nos frutos (geralmente maduros)
do tomate devido a grandes flutuações do teor de humidade do solo ou da
temperatura e, por conseguinte, reduz-se a qualidade dos frutos. A
susceptibilidade a estas flutuações depende da cultivar. Os rasgões também
facilitam a entrada de pragas e doenças.
Dois procedimentos preventivos são a
cobertura do chão com uso de uma camada de mulch (cobertura morta) e a rega
ligeira mas mais frequente; ou a recolha dos frutos mesmo antes de
amadurecerem, deixando-os amadurecer num local fechado, seco (palha).
6.4.2 Queima solar
Nos frutos aparecem entalhes castanhos ou cinzentos. A parte dos frutos que
está mais exposta ao sol apodrece mais rapidamente. Pode-se prevenir isto
fornecendo mais sombra durante o amadurecimento dos frutos, através do plantio
de árvores ou de uma cultura intercalar judiciosa.
A queima solar
ocorre mais frequentemente nos tomateiros não empados.
6.4.3 Apodrecimento apical
Esta doença é
causada por deficiência de cálcio, que é, geralmente, o resultado duma
quantidade excessiva de sal presente no solo, devido ao uso de água salina ou à
rega com quantidades insuficientes de água durante a estação seca. A quantidade
de sal presente no solo pode ser reduzida com uso de lavagens, quer dizer, uma
ou mais aplicações abundantes de água de rega que não contém sal (normalmente
durante a estação das chuvas) e sob condições de boa drenagem.
6.5 Controlo de pragas e
doenças
Em casos de
emergência também se podem controlar as pragas e doenças com uso de pesticidas sintéticos químicos ou alguns tipos
de pesticidas naturais e por
controlo biológico.
Ter em conta que
os pesticidas têm, geralmente, uma actividade específica, quer dizer, os
insecticidas apenas exterminam insectos, mas não exterminam ácaros, doenças ou
nemátodos. Os fungicidas apenas destroem fungos e algumas bactérias.
6.5.1 Pesticidas químicos
sintéticos
Embora os ditos produtos sejam muito
eficazes para controlar as pragas e doenças, também destroem os predadores
naturais das pragas, causando um ressurgimento grave de alguma praga quando não
são aplicados no momento e na forma adequados e com a dose apropriada por
hectare.
Devido aos seus
efeitos residuais, podem prejudicar, também, consumidores e o meioambiente e,
por conseguinte, deverão ser aplicados judiciosamente e só em casos de
emergência. Para limitar o uso de pesticidas químicos, recomenda-se aos
agricultores que se atenham aos princípios do Maneio Integrado de Pragas (MIP).
Um método simples
de aumentar a eficácia dos fungicidas é a adição de 1 colher de sabão doméstico
ao pulverizador de dorso. Devido à actividade do sabão, reduz-se a tensão da
superfície de forma a que as pequenas gotas (gotículas) se tornam em camadas finas (películas).
6.5.2 Pesticidas naturais
Os pesticidas naturais são produtos como o
piretro e o derris (rotenone).
Denominam-se
“naturais” visto
que são recolhidos na vegetação natural. Estes insecticidas são conhecidos e
usados desde tempos. A sua aplicação tem efeitos rápidos. Através da melhora
das suas fórmulas, os investigadores químicos também aumentaram a sua eficácia.
Para os inimigos naturais das pragas de culturas podem ser igualmente tóxicos
como os pesticidas químicos sintéticos.
Outros pesticidas
naturais têm uma acção lenta, como seja o extracto de neem (amargoseira, Azadirachta
indica). De facto, este tem um efeito mais repressivo do que controlador no
que diz respeito às pragas. Actualmente, a sua fórmula e eficácia têm sido
melhoradas também por empresas químicas. Contudo, os agricultores podem
preparar eles próprios uma fórmula crua, visto que a árvore neem ou amargoseira (Azadirachta indica) é uma árvore comum
nas regiões tropicais.
Além destes
pesticidas existem outras maneiras para suprimir o desenvolvimento de
populações de pragas: como sejam pulverizar a cultura com urina de vaca,
estrume de bovinos, alho e outros produtos. Contudo, estes produtos podem
dificilmente ser denominados “pesticidas”. Não têm a eficácia e a acção rápida
características dos compostos químicos sintéticos. Além disso, a sua preparação
é, às vezes, laboriosa. Não obstante, tais formas de controlo de pragas são
pouco nocivas para os predadores naturais, e mais seguras para o meio-ambiente
e para os consumidores. Por causa dos efeitos laterais negativos dos pesticidas
químicos sintéticos, recomenda-se o uso das formas supramencionadas de controlo
de pragas, onde quer que seja possível.
6.5.3 Maneiras de controlo do
desenvolvimento de populações de insectos
Solução de querosene e sabão: Esta solução ajuda a livrar a cultura de
afídeos (pulgões), ácaros, tripés e
mineiras das folhas.
Aplicação:
Dissolver 500 g de sabão em 4 litros de água a ferver.
Depois, acrescentar 8 litros de querosene para preparar a emulsão. Pode-se
fazer a emulsão batendo bem a mistura ou borrifando com o sabão no querosene
(com uso duma bomba suficientemente potente, uma borrifadora para plantas). Ao
final, deve-se obter uma mistura cremosa sem nenhuma aparência de uma camada
oleosa no topo. Quando arrefecida, coagula numa massa espessa, macia.
Diluir a emulsão,
10 a 15 vezes, antes de usar.
Solução de sabão: Esta é um bom remédio contra afídeos (pulgões) e
tripés.
Aplicação:
Dissolver 30 cc de sabão líquido em 5 litros de água, sacudindo a mistura.
Antes de pulverizar a cultura com esta solução, ensaiar a solução numa planta
individual. Quando a concentração da solução é demasiadamente alta, aparecem manchas
de queimadura na planta. Caso seja assim, dever-se-á diluir ainda mais.
Urina de vaca: A urina de vaca mostrou ser eficaz para controlar
afídeos, ácaros, tripés e outros
insectos, e também contra o vírus do mosaico e fungos.
Aplicação:
Armazenar a urina, exposta ao sol, durante duas semanas. Deve-se diluir a urina
6 vezes antes de pulverizar. Ensaiar, primeiro, nas folhas e frutos das plantas
e, se for necessário, diluir ainda mais. Se a aplicação é seguida por uma
segunda, depois de 1 ou 2 semanas, o procedimento tem maior efeito. Pode-se
aplicar como uma medida preventiva.
Estrume de vaca:
A aplicabilidade
de estrume de vaca como pesticida e fungicida contra pragas e doenças na
cultura de tomate é similar à da urina de vaca.
Aplicação: Meter
3 porções (bostas) de estrume de vaca num balde com água. Armazenar a mistura
durante duas semanas, mexendo-a diariamente. Se o cheiro se tornar
demasiadamente forte, poderá ser coberta com um pano, imobilizado com uso de
pedras. A dita solução deverá ser diluída 3 a 5 vezes antes de pulverizar.
Estrume procedente de outros animais pode ser usado de forma similar, mas
ensaiar primeiro numa planta individual!
Amargoseira (Neem) - Azadirachta indica
(Melicaceae): A
amargoseira é uma árvore de crescimento rápido, comum no Sudeste da Ásia,
África e América Central. A árvore cresce em vários climas e tipos de solo. Dá
frutos depois de 4 ou 5 anos (com uma quantidade média de 30 até 50 kg/árvore).
As sementes contêm entre 35% até 45% de óleo. A amargoseira/margosa (neem) é
eficaz contra todas as pragas discutidas neste livrinho e também contra os
nemátodos.
7. Medidas
de prevenção
As seguintes medidas preventivas
podem minimizar a ocorrência das doenças e
facilitar seu controle:
a) Na
formação de mudas:
Ø Produzi-las em copinhos de papel jornal ou
em bandejas de isopor;
Ø Usar sementes tratadas de firmas
idôneas;
Ø Instalar a sementeira e o viveiro em local
de boa exposição ao sol;
Ø Evitar alta densidade de plantas;
Ø Evitar excesso de adubo nitrogenado: não
irrigar em excesso; e
Ø Eliminar plantas hospedeiras de pragas e doenças no
canteiro e ao redor da sementeira e do viveiro.
b) No campo:
Ø Escolher áreas que não tenham sido cultivadas nos últimos anos com
solanáceas (batata, pimentão, berinjela,
entre outras);
Ø Dar preferência a áreas anteriormente ocupadas com pastagem ou cultivadas com milho, arroz, trigo, cevada, sorgo ou
cana-de-açúcar;
Ø Escolher áreas com boa exposição ao sol,
de fácil drenagem e que não acumulem ar frio ou umidade em excesso;
Ø Evitar área cuja vegetação ou cultura
anterior tenha sido atacada por nematoides, fungos ou bactérias do solo;
Ø
Fazer aração profunda;
Ø Efetuar a correção e a adubação do solo de
acordo com a análise do solo;
Ø Evitar o plantio em época chuvosa ou em
períodos longos de temperaturas baixas; adotar de preferência a irrigação por
sulco;
Ø
Não utilizar água contaminada;
Ø
Não irrigar em excesso;
Ø Evitar o plantio próximo de outras
culturas de tomate ou de batata, principalmente se estas estiverem em fase mais
avançada de crescimento;
Ø Eliminar restos culturais das proximidades
da área cultivada;
Ø
Aplicar
fungicidas ou outros agroquímicos somente com orientação técnica.
8. Colheita
e Produção de Sementes
É muito importante que a colheita seja feita no momento apropriado e que os
frutos sejam tratados de forma adequada depois da colheita (tratamentos
pós-colheita). O alto teor de água dos tomates torna-os susceptíveis a perdas
pós-colheita. Os frutos demasiadamente maduros são facilmente danificados ou
começam a apodrecer.
A primeira
medida de forma a reduzir o nível dos danos pós-colheita é efectuar a colheita
no momento apropriado. Será necessário repetir a colheita por várias vezes
visto que nem todos os frutos dos tomateiros amadurecem no mesmo momento. A
primeira colheita dos tomates pode ser efectuada entre 3 a 4 meses depois da
sementeira. A colheita continua durante, aproximadamente, um mês dependendo do
clima, de doenças e pragas e da cultivar plantada.
No decorrer dum período de cultivo dever-se-á colher os tomates entre 4 até
15 vezes.
Os frutos do tomate de boa qualidade são firmes e de cor uniforme. Caso os
tomates sejam usados para a produção de, por exemplo, molho de tomate
(ketchup), conserva de origem indiana (chutney), puré ou sumo, os frutos devem
ser colhidos quando estão vermelhos e completamente maduros. Caso os tomates
sejam vendidos como legumes no mercado, podem ser colhidos ainda verdes. Os
tomates verdes podem amadurecer depois da colheita, até se tornarem
vermelhos.
A presença de alguns tomates vermelhos, maduros, acelerará o processo de
amadurecimento. Uma desvantagem da colheita temporã é que estes tomates têm um
valor nutritivo mais baixo do que os tomates maduros. Uma vantagem é que há
menor probabilidade de que os tomates verdes sejam danificados ou
apodreçam.
A fim de se manter uma qualidade alta e garantir uma boa colheita, podem-se
seguir algumas regras práticas e simples, durante a colheita:
v Os trabalhadores de colheita têm que saber
quais são os tomates a ser colhidos e qual será o seu uso.
v A colheita deve ser efectuada em condições
climáticas secas e frescas, portanto, de manhã cedo.
v Devem-se colher os tomates com mãos
limpas. Torcer suavemente o fruto até se soltar da planta e ter cuidado para
não os apertar ou danificar com as unhas.
v Devem-se colocar suavemente os tomates no
recipiente, não os deitar nem deixar cair.
v Os recipientes devem ser sacos limpos,
feitos de redes de nylon, baldes de plástico, caixotes de madeira ou de
plástico.
v Os recipientes da recolha não devem nunca
ser enchidos de forma excessiva.
v Os recipientes pequenos para a recolha,
usados pelos colhedores, devem ser esvaziados em recipientes maiores no campo.
Os recipientes grandes devem ser largos, pouco profundos e fáceis de empilhar
para prevenir que o peso se torne excessivo.
v Os recipientes grandes devem ser mantidos
limpos e na sombra.
v Durante esta operação, os tomates devem
ser colocados suavemente nos recipientes grandes e não se deve nunca colocar
demasiados tomates, uns em cima dos outros.
Em anexo o plano ainda em processo
de Compilagem.
Preparação
do Solo |
|
|||
Material |
Função |
Obtenção |
|
|
Compra |
Empréstimo
|
Aluguer |
||
Gadanha/Catana |
Remove capim |
|
|
|
|
para facilitar a lavoura. |
X |
X |
|
Tractor |
Faz a lavoura, |
|
|
|
|
gradegem, parcelamento e
sulcagem. |
X |
|
X |
Enxadas |
Faz a sacha, |
|
|
|
|
incorporação de adubos, assim
como a amontoa. |
X |
|
|
Ancinhos |
Incorporação de |
|
|
|
|
Adubos, remoção de cobertura morta e nivelamento do
solo. |
X |
|
|
Pás |
Abrir regadeiras |
|
|
|
|
e nivelamento do solo. |
X |
|
|
Estacas |
Usadas para |
|
|
|
|
tuturamento. |
X |
|
|
Fios |
Construção da cerca e para tuturamento. |
X |
|
|
Fita métrica |
Medir |
|
|
|
|
espaçamento
entre fileiras e plantas. |
X |
X |
|
Bitolas |
Medir |
|
|
|
|
espaçamento
entre fileiras e plantas |
X |
|
|
|
|
|
|
|
|
Produção |
|
|
|
Material |
Função |
|
Obtenção |
|
Compra |
Empréstimo
|
Aluguer |
||
Estacas |
Para abertura de |
|
|
|
|
covas de plântulas durante o transplante. |
X |
|
|
Pulverizador |
Pulverizar as plantas. |
X |
X |
X |
Alicate de Poda |
Para podar. |
X |
|
|
Enxadas |
Sacha. |
X |
|
|
Pás |
Abertura de regadeiras. |
X |
|
|
Tambor |
Mistura de
pesticidas. |
|
X |
X |
|
Col
heita |
|
|
|
Material |
Função |
|
Obtenção |
|
Compra |
Empréstimo
|
Aluguer |
||
Caixas |
Armazenar o |
|
|
|
|
produto. |
|
X |
X |
Carro |
Carregar o |
|
|
|
|
produto até mercado. |
|
X |
X |
Bacias |
Para lavar o produto |
X |
X |
X |
Panos |
Para limpar o |
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produto depois da lavagem |
X |
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Co
mercialização |
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Material |
Função |
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Obtenção
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Compra |
Empréstimo
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Aluguer |
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Carro |
Para transportar |
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o produto até local de venda. |
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X |
X |
Caixas |
Armazenar o produto. |
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X |
X |
Caderno e caneta |
Para registrar-se o numero de caixas vendidas |
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e os que
sobraram, o preço de venda do mercado do dia, a quantidade o produto passado.
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X |
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Insumos |
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Adubos/Fertilizante |
Fase
de Aplicação |
Função |
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NPK |
Preparação do solo, floração e
três semanas antes da frutificação. |
Agente corretivo do solo, aplicação dele garante um
solo rico em nitrogênio, fosfato e Potássio, isso auxilia no crescimento das
culturas. |
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Ureia |
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Gesso |
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Estrato de
porco, gado, cabrito. |
Viável quando se aplica antes da gradagem, |
Excita o solo, aumentando de forma quantitativa as
nutrientes essências para o crescimento das culturas. |
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Calcário |
Na preparação do solo. |
Aumenta cálcio. |
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Composto Orgânico |
Antes da gradagem para que
possa se misturar com o solo, |
Rico em nutrientes essências para o desenvolvimento da
cultura (cálcio, fosfato, potássio). |
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Casca de ovo, leite em pó, estrume de galinha,
cinza de madeira, |
Na preparação de solo, quando vista
sintomas de falta de cálcio nas culturas. |
Ricos em Cálcio |
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Casca de banana. |
Período de crescimento da cultura, floração. |
Rico em Potássio |
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Borra de café. |
Período de crescimento da cultura, floração. |
Rico em Nitrogênio, cálcio, carbono. |
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Vermicomposto |
Na preparação do solo antes de |
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transplante ou plantio direto, na floração e
frutificação. |
É em composto orgânico rico em nutrientes
(macronutrientes e micronutrientes) e auxilia no crescimento das plantas. Não se
difere tanto de composto orgânico. |
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Pesticidas |
Fase |
Função |
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Inseticidas |
Quanto se vista o aparecimento de insectos, não importa
a fase, mas a pulverização com esse produto tem que ser no máximo três
semanas antes da colheita. |
Produto químico usado para
combater insectos, |
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Herbicidas |
Quando vista o aparecimento de
ervas daninhas, |
Produto que elimina ervas daninhas, |
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Fungicidas |
Quando se vista aparecimento de fungos, no máximo três
semanas antes da colheita. |
Contra fungos, |
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Bactericida |
Quando se vista aparecimento de fungos, no máximo três
semanas antes da colheita. |
No combate a bactérias, |
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Solução de querosene |
Quando vista o aparecimento de
mosca branca. |
Solução de querosene controla a mosca branca. |
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Solução de sabão |
Quando vista o aparecimento de mosca branca, tripés,
borboletas ácaros e pulgões. |
Contra pulgões, tripés,
borboletas ácaros e mosca branca. |
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Canela, leite em pó ou condensado, sabão liquido, álcool, vinagre, urina
de gado, alho, limão, amargosa, folhas de papeira, erva cavalinha (ação
fungicida). |
Duas semanas depois da sementeira de viveiros e uma
semana antes do transplante, no caso de tomate basta chover, no dia seguinte
tem que se fazer a pulverização com esses produtos/ ingredientes, também na
frutificação duas semanas antes da colheita. |
Combate a insectos, bactérias,
fungos, Amargosa é uma planta venenosa
usada na agricultura na eliminação de qualquer insecto existente no solo. |
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